sexta-feira, 14 de junho de 2013

As Bolhas

De mar pra água doce.

Posso ver daqui,
entre o Sol e meu olhar,
seu próprio olhar curioso
a mirar a superfície verde da lagoa.

Algo reluz:

"Que tem lá, querido?
Acharemos algo de valor?
Tornaremo-nos príncipe e princesa,
seremos capa de revista,
chamar-nos-ão para festas distintas!"

Logo tu,
que nunca quiseste coroa!
Mas algo em teu sorriso mudou
tão repentinamente
que mal percebi se foi de momento
ou se o carregava a mais de ano.

Nesse lago parcialmente raso,
qual de nós terá coragem de descer,
ponta-cabeça, até o fundo,
tocar-lhe com as mãos?

Que encontraremos lá embaixo?
Entre troncos e cavernas submersas,
haverá lodo, anéis, tesouros?
Saberia dizer perfeitamente o que há lá,
mas esse teu sorriso...

Pensai bem antes de dirigir-se ao pé dessas águas turvas:
lembra-te que me arrastarei contigo
(não faz meu estilo deixá-la só, esse nunca fui eu).
Lembra-te que arrasta outro junto.

Talvez o fôlego dê,
talvez nos afoguemos antes.

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