Um dos meus top favoritos.
Originalmente publicado em 10 de março de 2012.
Alcebíades era um velhinho muito inteligente mas, para sua desgraça, achava a vida e seus meandros muito complicados; não tinha muito mais tempo para tentar entendê-la, devido à sua idade avançada, e apaixonou-se pela metafísica. Aquilo sim, era o que ele precisava! Reduzia-se tudo ao mínimo, sem se preocupar muito com os efeitos das causas primárias.
Começou a aplicar a metafísica à tudo, menos, naturalmente, ao seu nome. Achava passível de sarro alheio caso se autodenominasse Alce, e Bíades não lhe parecia uma alternativa melhor.
Após certo tempo, não mais se autodenominava por um nome, pois tinha consciência de quem era, não precisando mais de uma identidade formalizada por substantivos próprios. Começou a chamar-se Eu.
A partir de certo ponto, já não diferenciava mais ninguém de si mesmo, pois não eram todos um só? Então para quê prenomes?
Até que, após tanto pensar, chegou à conclusão de que o inicio de tudo seria mesmo o nada, o que era perfeitamente plausível para qualquer um que acompanhasse seu raciocínio, mas com ele foi diferente. Ele vivenciou isso.
E o nada era o inicio, e o inicio era eterno. Foi aí que sua existência cessou, e ele simplesmente sumiu, desapareceu, evaporou-se. Ninguém nunca tomou conhecimento de que ele se foi. Nem sequer lembravam dele. Mal podiam duvidar de sua existência, pois, pelo que consta por aí afora, ele nunca existiu.
De quem eu estava falando mesmo?
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