Originalmente publicado em 4 de dezembro de 2012.
Sou incapaz de dizer quando mudou,
se fui eu, a cidade, os dois
ou nenhum. É capaz de ter sido
alguma outra coisa, algo que escapa
de simples análise mecânica.
Pode ter sido o olhar.
Mas como o olhar pode ter mudado
o que cabe aos ouvidos?
O que sei é que nunca gostei de fanfarra;
mas, passando por aquela praça
na tarde preguiçosa do domingo,
eu parei, sentei e escutei. Coisa de
apenas alguns minutos.
E a praça se encheu, era sol.
Abandonando a praça e olhando pra trás,
(e eu, que não gostava de fanfarras)
sabendo que a partir dali seria capaz
de andar nas nuvens, nadar por entre pedras,
vomitar o pão que o diabo amassou
na forma de uma cabeça presenteada em tigela de prata,
tudo na medida do impossível,
pois tudo posso naquilo que me fortalece,
me aleija, imbeciliza, consome.
Tudo posso nesses poucos mais de três versinhos,
agora sei o quanto uma fanfarra me apraz.
♫ Dling, dlong ♫ Xilofone.
Desce outra, garção.
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