segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Anti-Frases

            Vão-se os caramujos, ficam as conchas. E nelas o eterno marulho do mar (ou seria o eterno barulho do bar? Algo assim.).


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            Se nem o xenônio é xenófobo, por que raios eu, outro elemento da matéria, não haveria de curtir Carlos Gardel?

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            "É proibido fazer barulho", disse a bibliotecária. Ela nem suspeitava o que o Oswald de Andrade fazia de barulho dentro da minha cabeça naquele momento.

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            Era um  caso extremo de loucura poética: ignorava a Lua, criava odes ao Sol. Pereceu cego e bronzeado em praia salina. Procura-se uma lira (provavelmente furtada), ano 68. Gratifica-se bem.

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            "Eu quero! Eu quero, eu quero!" e a mãe, com a velha desculpa: "amanhã eu compro, meu filho". "Mas até amanhã ele derrete, mãe!"
            Ganhou o sorvete na mesma tarde.

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            Marulho do mar? Barulho do mar? Marulho do bar? Barulho do bar?...

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            O malandro, sempre de chapéu de feltro, vivia nas rodas de samba. Era tanto ritmo que, à noite, enquanto a cabeça descansava em casa, o corpo saía para dançar pelas madrugadas.
            O chapéu, acessório indispensável, nunca abandonava a cabeça. Logicamente. Malandro que é malandro nunca sai da pinta.

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            Todos o chamavam de louco. A mãe o chamava de louco, o pai o chamava de louco, a esposa o chamava de louco, a cachorra latia para ele como se louco fosse.
            Internaram-no no manicômio. Trocaram seu amigo por Gadernal.

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            Contrariando Alice Ruiz:

                        Oito não-poetas no cume do edifício.
                                      
                                    Múltiplos versos;

                                                nenhum compromisso.

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            E quando as palavras não saem mais? Guardam-se todas nos nós dos dedos. Finda-se tudo em mistério. O mundo nunca será mundo pronto (e pronto!).

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            Barulho do bar à beira-mar? Marulho do mar à beira do bar? Marulho do mar amoreira no bar? Marola marulhenta bar que bem me quer ao mar?
            Ao mar, marujos!
            Mulheres e crianças primeiro.
            

            Como eu queria um cigarro!
            
            E ponto

            .

            Ponto



                     final

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