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Se nem o xenônio é xenófobo, por que raios eu, outro elemento da matéria, não haveria de curtir Carlos Gardel?
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"É proibido fazer barulho", disse a bibliotecária. Ela nem suspeitava o que o Oswald de Andrade fazia de barulho dentro da minha cabeça naquele momento.
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Era um caso extremo de loucura poética: ignorava a Lua, criava odes ao Sol. Pereceu cego e bronzeado em praia salina. Procura-se uma lira (provavelmente furtada), ano 68. Gratifica-se bem.
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"Eu quero! Eu quero, eu quero!" e a mãe, com a velha desculpa: "amanhã eu compro, meu filho". "Mas até amanhã ele derrete, mãe!"
Ganhou o sorvete na mesma tarde.
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Marulho do mar? Barulho do mar? Marulho do bar? Barulho do bar?...
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O malandro, sempre de chapéu de feltro, vivia nas rodas de samba. Era tanto ritmo que, à noite, enquanto a cabeça descansava em casa, o corpo saía para dançar pelas madrugadas.
O chapéu, acessório indispensável, nunca abandonava a cabeça. Logicamente. Malandro que é malandro nunca sai da pinta.
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Todos o chamavam de louco. A mãe o chamava de louco, o pai o chamava de louco, a esposa o chamava de louco, a cachorra latia para ele como se louco fosse.
Internaram-no no manicômio. Trocaram seu amigo por Gadernal.
Internaram-no no manicômio. Trocaram seu amigo por Gadernal.
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Contrariando Alice Ruiz:
Oito não-poetas no cume do edifício.
Múltiplos versos;
nenhum compromisso.
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E quando as palavras não saem mais? Guardam-se todas nos nós dos dedos. Finda-se tudo em mistério. O mundo nunca será mundo pronto (e pronto!).
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Barulho do bar à beira-mar? Marulho do mar à beira do bar? Marulho do mar amoreira no bar? Marola marulhenta bar que bem me quer ao mar?
Ao mar, marujos!
Mulheres e crianças primeiro.
Como eu queria um cigarro!
E ponto
.
Ponto
final
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