sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Coluna do Darth - Pauno CUelho, Meu Camaradinha!

Originalmente publicado em 27 de dezembro de 2010.



Acabo de entrar de Tie Fighter pela janela do meu flat (eu moro num flat). Arranhei a lataria no trinco da janela, amanhã tenho que procurar um funileiro. Isso porque tomei umas e outras com meu conselheiro espiritual e acessor para assuntos de macumba, o Paulo Coelho, que estava me ensinando a expandir a minha consciência através de doses de Ypioca e alguns baseados. Como sou macaco velho, fumei primeiro e bebi depois, pois todos sabem que fumar depois de bêbado dá uma porrada boa na cabeça. Da última vez que fiz isso fiquei torto inteiro, deixei minha nave no estacionamento e o fêlo da pata do dono quis me cobrar por hora em vez da diária, já que eu disse que voltaria em menos de duas horas. Porra, nisso que dá sair com a Simone e a Zélia Duncan pra pegar umas mulheres. Elas espantam todas, e o trabalho fica dobrado para mim, que tenho mais lábia e meu sabre de luz é o mais rijo da turma. Fora que o bafinho delas tá bem judiado. Mas chega de falar das intimidades delas, digo, deles, digo, dissos.
Minha amizade com o Paulo Coelho começou em 1976, época em que estávamos na luta contra a ditadura no país. Ele estava num palanque com vários nomes poderosos da resistência ao governo, como Oswaldo Montenegro, Fafá de Belém, Tião Macalé e o Karl Marx. Não tenho certeza se o Marx tava por lá, anos 70, sabe como é, a cachaça com torresmo e o LSD me deixavam um pouco fora do ar. Foi quando o reconheci das fotos dos seus livros de 5ª categoria. Com a maior naturalidade, subi no palanque, bati com os dedos nas costas dele e perguntei:
- Foi você que escreveu esta frase: “- Uma coisa pode acontecer só uma vez na vida e nunca mais acontecer. Mas se acontecer duas vezes, com certeza acontecerá uma terceira vez”?
Ele sorriu e me disse:
- Sim, fui eu.
Não bastou mais nada para que eu desse um direto de direita nas ventas dele e fizesse ele parar a 8 metros de distância sobre a multidão. Há quem diga que foi o primeiro moshbrasileiro, o que duvido muito, pois já tinha feito dessa com o Ronnie Von por ele se recusar a autografar o seu disco – meu disco, pois eu comprei nas Pernambucanas em 18 vezes – Meu Bem, de 1966. Hoje sinto vergonha do disco, pois o Ronnie aparece com cabelo de emo na capa. Voltando ao Paulo, só o deixei vivo daquela feita porque eu me cagava de rir com os livros dele. Literalmente, pois só os lia na hora que ia cagar. Mas o nosso relacionamento mudou muito depois de eu ler Às Margens do Rio Pedra Eu Sentei E Caguei. Que estilo! Que temática! Que loucura! Só uma criatura como ele, esse filho da… filho da… desculpem-me, eu me emociono só de pensar na narrativa… esse filho da nação brasileira poderia ter escrito. Após ter devorado o livro (sim, pois eu me emociono muito fácil após ler uma obra como aquela, e eu também tenho o costume de comer tudo o que me apraz) invadi sua casa, e depois de ter matado os cachorros que me atacaram – e o gato, só de farra – pedi humildemente desculpa por ter vilipendiado sua honra e quebrado seus dentes molares com aquele soco. Apesar de ter resistido um pouco ao meu pedido de desculpa, pois ele urrava palavras desconexas como “meus cachorros”, “meu gato” e “minha empregada” – ops – , ele acabou cedendo e desmaiou. Talvez não devesse ter apertado o gogó dele para parar com aquele escândalo, sei lá… Mas chega de falar de mim. O importante é que toda vez que estoudown eu recorro a esse gênio. E vejo que ele se emociona muito com a minha presença, pois toda a vez que me vê ele começa a tremer, chorar, se ajoelha e mija nas calças. Há vezes nas quais brinco de assustá-lo, chegando pelas costas, de mansinho (pois quem não me conhece saiba desde já que eu sou um pândego e chegado a aplicar uns chistes com meus companheiros – no bom sentido, já que sou macho). Acreditam que ele chega a se cagar?
É bom saber que sou amado e querido por meus colegas.
Beijinho na nuca, e venham para o lado negro da força, seus bóis!

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